sábado, 15 de outubro de 2011

Sem pirotecnia, Eric Clapton hipnotiza público apenas com força de sua guitarra

A grande maioria dos artistas que se apresentam em estádios não tem coragem de apostar somente na música para conquistar o público. O normal é usar artifícios como palcos gigantescos como os do U2 ou o arsenal de dançarinos e trocas de roupa de Madonna e companhia. Sem contar os telões, fogos de artifício e luzes obrigatórios em qualquer apresentação para mais de 30 mil pessoas.

Eric Clapton é uma das raras exceções a essa regra. Na performance desta quarta-feira no estádio do Morumbi, em São Paulo, o britânico hipnotizou a plateia apenas com a força de suas canções e de seus impressionantes solos de guitarra. Coreografias e figurinos extravagantes? Nem pensar - Clapton até passou um terço do show sentado. Um visual de tirar o fôlego? Pelo contrário: telões pequenos, iluminação simples, nada de explosões.

Tudo bastante adequado à personalidade discreta do músico, que pouco falou com o público. Clapton limitou-se apenas a dedicar o show ao piloto brasileiro Felipe Massa. Com exceção dessa frase rápida, logo no início da apresentação, houve apenas alguns tímidos "thank you" após uma música ou outra. Ele também nem passou perto de arriscar palavras em português, muito menos de se enrolar numa bandeira do Brasil.



Foto: Divulgação
Eric Clapton encerra turnê brasileira com apresentação em São Paulo


Após uma "Old Love" cheia de sentimento e uma "Tearing Us Apart" não muito inspirada, o músico partiu para o bloco sentado do show. Puxou uma cadeira e, no violão, interpretou dois belíssimos blues, "Drifting Blues" e "Nobody Knows You When You're Down and Out". De volta à guitarra (mas ainda sentado), cantou um de seus maiores sucessos, "Layla", na interpretação mais lenta e blueseira que ficou famosa em seu "Unplugged" de 1992.

O ponto alto da noite veio quando Clapton voltou a ficar de pé e tocou "Badge", uma das melhores canções do Cream, trio que integrou nos anos 1960. Nessa música, ele injetou uma boa dose de peso e distorção ao seu blues, o que rendeu o momento mais rock'n'roll da apresentação. Logo depois, o clima mudou totalmente e, com a balada "Wonderful Tonight", o guitarrista mostrou o seu lado mais romântico.

A reta final do show teve dois clássicos do blues, "Before You Accuse Me" (Bo Diddley) e "Little Queen of Spades" (Robert Johnson), e o maior sucesso de Clapton, "Cocaine", saudada aos berros pela plateia. Já seria um final perfeito, mas o guitarrista ainda voltou ao palco para o bis. A faixa escolhida foi "Crossroads", outro clássico de Robert Johnson que Clapton já havia tornado seu nos anos 1960, com o Cream.

A versão foi espetacular. O britânico contou com um auxílio luxuoso: o ótimo guitarrista Gary Clark Jr., que havia feito a apresentação de abertura. Ao final da música, Clapton era só sorrisos e parecia estar bastante satisfeito com sua performance. O público, mais ainda. Tanto que nem sentiu falta daquela pirotecnia tão cara a outros artistas.

Veja abaixo o repertório do show:

01. "Key to the Highway"
02. "Tell the Truth"
03. "Hoochie Coochie Man"
04. "Old Love"
05. "Tearing Us Apart"
06. "Drifting Blues"
07. "Nobody Knows You When You're Down and Out"
08. "Lay Down Sally"
09. "When Somebody Thinks You're Wonderful"
10. "Layla"
11. "Badge"
12. "Wonderful Tonight"
13. "Before You Accuse Me"
14. "Little Queen of Spades"
15. "Cocaine"
16. "Crossroads"

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